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Apesar da opção estética por uma linguagem gráfica intermediária entre o realismo e o desenho animado, não há concessões: a riqueza de detalhes é impressionante, feita por gente que entendeu claramente o valor histórico do jogo. Lugares como o Cavern Club, em Liverpool, o cenário do programa de TV "Ed Sulivan show" ou o palco montado no Shea Stadium, em Nova York, estão ali, reproduzidos em perfeição. Pegue e compare o jogo a um vídeo qualquer gravado do show original, e se surpreenda ao notar que até os vincos da fita adesiva utilizada para segurar o microfone de John Lennon ao pedestal são exatamente iguais.
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E é assim com a textura da madeira do baixo Höfner, de Paul McCartney, dos tijolos do topo da sede da Apple – onde os Beatles se apresentaram ao vivo pela última vez, em 30 de janeiro de 1969 – e até com as mechas do cabelo de George Harrison no canto do cisne da banda.
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Intocáveis
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Não é fácil achar um ponto negativo em "The Beatles: Rock band", mas os jogadores mais experientes da série poderão sentir falta de ao menos dois recursos das encarnações anteriores do jogo que foram limados nesta. A alavanca de tremolo e os pedais de efeitos da guitarrinha de plástico, que permitiam ao jogador imprimir seu "estilo" em algumas passagens da música, não alteram em nada a sonoridade da canção. O mesmo vale para os rolos de bateria: se nos primeiros "Rock band" eles também eram livres em certos trechos das canções, na versão "Beatles" eles não podem ser executados.
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As limitações, contudo, não surpreendem quem acompanha as notícias sobre quaisquer tentativas de reeditar ou alterar uma única vírgula no legado musical dos Beatles. Quando não são os próprios integrantes - ou suas viúvas - a vetar as intromissões, são os próprios fãs mais radicais que reclamam por se mexer nos cânones do grupo. Estes, portanto, não devem se incomodar tanto com a impossibilidade de improvisar sobre as canções - ao contrário, talvez achassem uma heresia poder fazê-lo.
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Pecado ainda maior, aliás, seria poder vaiar os Beatles em pleno palco. Pois o recurso, que entrava em cena nas versões antigas do game sempre que o jogador falhava em sua performance, também foi cortado deste.
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Por fim, outro problema é inerente à limitação natural do jogo, e acaba sendo na verdade uma bênção para seus criadores: são 45 faixas disponíveis no disco (veja lista completa), o que faz com que muitos clássicos fiquem de fora.
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Ou seja, os fãs vão acabar gastando ainda mais dinheiro eventualmente para comprar músicas extras e até álbuns inteiros da banda por download para jogar em seus consoles: a íntegra de "Abbey road" estará disponível a partir da segunda quinzena de outubro; a de "Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band" virá em seguida, em novembro, e "Rubber soul" chega em dezembro. No mundo dos videogames, o sonho dos beatlemaníacos ainda está longe de acabar.
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Veja o trailer do game:
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